“Vai chegar um momento que o Estado não vai conseguir mais dar conta” Marcellus Campêlo sobre recorde de internações por Covid-19 no AM

Secretário Marcellus Campêlo | SES-Am | Foto: Arquivo
Secretário Marcellus Campêlo | SES-Am | Foto: Arquivo

SAÚDE/AM – Em uma entrevista reveladora aos fatos que estão acontecendo por trás da atual realidade da saúde em todos o estado do Amazonas, no que podemos chamar de segunda onda por Covid-19, o secretário estadual de saúde (SES-AM), Marcellus Campêlo, conversou com o grupo A Crítica e detalhou vários pontos a serem considerados fundamentais para os próximos dias para nosso estado, a exemplo, o que o governo de Wilson Lima tem feito para evitar que não falte atendimento, medicamentos e estrutura fisica com o aumento dos casos da Covid-19 e recorde de internações a partir de dezembro 2020.

CENÁRIO ATUAL DA COVID NO AMAZONAS

Nós estamos passando por um grave momento novamente pela Covid-19. Em dezembro, nós batemos o recorde desde julho. Esse é o terceiro maior número de internações da rede. Só ontem (31 de dezembro), foram 129 novas internações. Isso mostra que a população está sendo contaminada em função das aglomerações dos últimos 30 dias pelo menos, com o período eleitoral, o início das confraternizações no mês de dezembro. Estamos sofrendo uma grande pressão agora por conta disso.

E a previsão da SES-AM é que sofreremos ainda mais daqui a 15 dias com um grande número de internações por conta dos festejos de Natal e Ano Novo. Então, neste momento, a rede se encontra muito pressionada. Nós estamos realizando um trabalho que chamamos de Plano de Contingência, pelo qual estamos na fase 4, estamos mudando o perfil das unidades de saúde para que elas possam receber pacientes da Covid-19, mudando a sua característica. O Hospital Platão Araújo, que é porta de entrada geral, foi reconfigurado para atender mais Covid que outras patologias. A mesma coisa está acontecendo com o Hospital 28 de agosto.

CAUSAS DO AUMENTO DE CASOS

Marcellus destaca que as prováveis causas do aumento repentino dos casos da doença nas últimas semanas cabem às diversas aglomerações em praias, flutuantes, casas de show e bares contribuíram para o crescimento. As convenções partidárias e campanhas eleitorais também causaram muitas aglomerações e casos confirmados. Nesse período o número de internações só aumentou.

Em setembro, quando percebemos isso, nós suspendemos a utilização do Delphina para outras patologias, voltamos a utilizar só para Covid, criamos um plano de contingenciamento, estabelecendo cinco fases de avanço no caso de necessidade de ampliação da rede e fomos aplicando, ampliando leitos. Estamos na quarta fase. Só o Delphina saiu de 70 leitos para 150 leitos de UTI. Triplicamos a capacidade. Reorganizamos a rede, principalmente trabalhando o fluxo interno de leitos.

MANAUS PODE ENTRA EM COLAPSO EM 2021

Estamos no plano de ação – Fase 4 que reservava medidas restritivas, como no comércio por exemplo e que foi decretado pelo governador Wilson Lima no dia 23/12, porém com a reação da sociedade, foi necessário retornar diálogos com os setores e abrir novas flexibilizações.

NÚMERO DE INTERNAÇÕES SUFICIENTES ?

Algo que alarmou durante a entrevista foi quando o secretário afirmou que com número de internações que estamos:

“vai chegar um momento que o Estado não vai conseguir mais dar conta porque, inclusive, nós estamos concorrendo com outras patologias. Além do Covid que está crescendo muito as internações, nós temos outras causas externas, como acidente de trânsito. Isso lota leitos e concorre com Covid”.

Para evitar o colapso, o governo está abrindo mais leitos onde nós podemos, mas isso tem um limite.

O Hospital Delphina Aziz hoje está tomado de pacientes, inclusive abriremos mais 56 leitos nos próximos dias em uma área no 6º andar do prédio, onde é um depósito.

Na Fundação de Medicina Tropical (FMT) já são 30 leitos de UTI no total e mais 26 leitos clínicos, no Hospital 28 de Agosto colocamos 40 leitos de UTI mais 113 leitos clínicos, além de leitos disponíveis no Hospital Platão Araújo, Hospital Universitário Getúlio Vargas e Hospital Beneficente Portuguesa.

RETORNO ÀS AULAS EM FEVEREIRO

A tratativa com a SEDUC até o momento é que o retorno as aulas a partir de fevereiro de 2021 não está comprometido. O cenário nesse setor foi altamente positivo, fomos o primeiro estado a reabrir as escolas. Isso foi um ganho social para todo o estado do Amazonas.

E A VACINA QUANDO CHEGA ?

“O governo federal já sinalizou que no mês de janeiro chegará um lote para o Amazonas, e mesmo sendo pequeno, vamos priorizar as pessoas acima de 60 anos. Estes são os primeiros que devem receber a vacina.

Vamos receber uma quantidade igualitária do governo federal, mas, se ela não for suficiente, o Estado tem uma previsão orçamentária de forma preventiva caso isso aconteça. Mas nós achamos muito difícil uma vacina disponível para os Estados comprarem. Todas as indústrias dão preferência de vendas para o Governo Federal. Mas caso isso aconteça o Amazonas está preparado.”

PARCERIA COM A PREFEITURA DE MANAUS

 Desde quando houve a eleição do prefeito David Almeida e quando ele instituiu a Comissão de Transição, nós nos aproximamos da comissão de Saúde. Fizemos uma reunião de duas horas para tratar de diversos temas que estão pendentes na saúde do Estado. Com a confirmação da secretária Shádia Fraxe da Semsa, nós já fizemos reuniões de projetos que vamos fazer em parceria, como, por exemplo, nós queremos apoiar a prefeitura na ampliação das UBS para o primeiro atendimento da Covid. Queremos ajudar a reativar as UBS móveis, para isso eles precisam de apoio do Governo do Estado. Um dos projetos que queremos com essa parceria é o acompanhamento do paciente com Covid monitorando-o nas primeiras horas em que ele foi testado positivo.

EXPECTATIVA PARA 2021 NA SES-AM

Marcellus fala em um ano de superação para a SES-Am. Com a secretaria tendo mais de 250 projetos que estão em andamento para 2021 e um investimento mais de 2 bilhões de reais para os próximos dois anos. Faando da meta numero 1, não poderia ser diferente: A vacinação e fazê-la chegar em todos os municípios do imenso Amazonas.

Outro ponto destacado é a manutenção dos planejamentos do Programa Saúde Amazonas que é programa de 9 grandes ações estratégicas que envolvem a reorganização da rede, a diminuição das filas, o saúde nas casas que é a interiorização da saúde ganhando 5 polos no interior para evitar que a população tenha que se deslocar para Manaus para poder receber atendimento, uma ouvidoria que receberá denúncias, auditorias, demandas para ter um canal aberto com a sociedade.