Projeto de Oftalmologia Humanitária inicia no município de Humaitá (AM), com o apoio da Marinha

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Após cinco anos sem enxergar, Raimundo de Almeida Gomes de 78 anos recuperou a sua visão e sua independência, em apenas 20 minutos de cirurgia de catarata, realizada durante o Projeto Amazônico de Oftalmologia Humanitária, no município de Humaitá (AM), primeira localidade a receber as cirurgias oftalmológicas. “Desde os 12 anos eu trabalhava na roça, na comunidade do Puruzinho, e quando apareceu essa doença, há cinco anos, vim pra cidade e não tinha como continuar trabalhando. Agora que consigo enxergar novamente posso voltar a trabalhar, ver a minha esposa e acompanhar os meus 10 filhos. Estou muito feliz!”, afirmou.

O projeto, que conta com o apoio da Marinha do Brasil, é uma parceria entre a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o Instituto Paulista de Estudos e Pesquisas em Oftalmologia (IPEPO), a Lupas Leitor, a Johnson e Johnson, a Fundação Piedade Cohen (FUNDAPI) e a Sociedade Amigos da Marinha de Manaus (SOAMAR-Manaus) e iniciou neste final de semana, nos dias 13 e 14 de abril. Além de Humaitá, a equipe atenderá até o dia 21, os municípios de Manicoré, Novo Aripuanã, Borba e Nova Olinda do Norte (AM).

“Nessa comissão, a Marinha por meio do Navio de Assistência Hospitalar Soares de Meirelles, além de realizar o atendimento básico de saúde, preparo nos exames e na distribuição de óculos para leitura, na triagem para as cirurgias e também no apoio logístico, levando os médicos para os municípios que serão atendidos. Essa é a terceira vez que estamos apoiando esse programa que é muito importante para a sociedade local, alcançando pessoas que têm a necessidade de intervenções cirúrgicas para voltar a enxergar”, destacou o Comandante do 9º Distrito Naval, Vice-Almirante Paulo César Colmenero Lopes.

O projeto visa diminuir o número de pessoas atingidas pelas doenças tropicais como a catarata e pterígio que atinge um grande número de amazonenses, devido aos raios ultravioletas, de grande incidência na região amazônica, principalmente, os trabalhadores de lavoura e do campo.

Essa estatística foi um dos temas pesquisados pelo Vice-Reitor da Universidade Federal do Amazonas e um dos apoiadores do projeto, o Prof. Doutor Jacob Moysés Cohen, no projeto Brazilian Amazon Region Eye Survey (BARES) que explica as causas de cegueira no Baixo Amazonas.

Para a doação de óculos, os pacientes passam por uma triagem por meio do teste de acuidade visual, que ajuda a identificar o grau a ser utilizado. Como nas comunidades ribeirinhas havia uma dificuldade devido ao fato de a grande parte da população não saber ler, a empresária Anna Jankov, após a edição do projeto, ocorrida em 2017, criou uma tabela com peixes da região como o tambaqui, tucunaré, pirarucu e outros.

“Muitas vezes as pessoas ficavam com vergonha de dizer que não sabiam ler. Comecei a pensar em algo que fosse da realidade deles. Por isso, utilizar os peixes da região como forma de detectar o grau a ser utilizado”, ressaltou Anna e o esposo Jean Jankov, que atuam como voluntários do projeto desde 2015 e realizam, por meio da empresa Lupas Leitor, a doação de 5 mil óculos para as comunidades atendidas nesta edição.

A ação conta também com vários profissionais e professores de destaque na área de oftalmologia, inclusive, com artigos e projetos publicados mostrando os avanços das cirurgias oftalmológicas.

No município de Humaitá, 100 cirurgias de catarata e pterígio foram realizadas com pessoas a partir dos 40 anos. O NAsH Soares de Meirelles realizou 1.020 procedimentos de saúde, três raio-x e distribuiu 23 kits odontológicos e 744 óculos para leitura.