Infectologista faz alerta para cuidados com a meningite em tempos de pandemia

Hapvida Dia Mundial de Combate à Meningite | Foto: Divulgação
Hapvida Dia Mundial de Combate à Meningite | Foto: Divulgação

O próximo dia 24 de abril é lembrado como Dia Mundial de Combate à Meningite. De acordo com dados da Confederação das Organizações de Meningites, a doença já causou 300 mil mortes no mundo somente em 2017, e estima-se que 5 milhões de novos casos são registrados a cada ano.

De forma geral, a meningite é uma inflamação grave das meninges (membranas que revestem o cérebro e toda a medula espinhal), gerando sintomas como dor de cabeça intensa, febre, náuseas e rigidez do pescoço, por exemplo.

Por ser uma inflamação que afeta as estruturas do cérebro, a meningite deve ser identificada o mais rápido possível por um médico especialista, para se iniciar o tratamento e evitar o desenvolvimento de lesões que podem resultar em sequelas permanentes ou até a morte.

Como se pega

A transmissão da meningite pode variar bastante, dependendo do tipo de micro-organismo que está causando a inflamação. No caso da meningite viral, o risco de transmissão é muito baixo pois, embora o vírus possa passar para a outra pessoa, geralmente não causa uma meningite, mas sim outra doença, como caxumba ou sarampo, por exemplo, dependendo do tipo de vírus.

Já no caso da meningite provocada por bactérias, essa transmissão é mais fácil e pode acontecer através do compartilhamento do mesmo prato de comida ou através de gotículas de saliva, que podem passar através da tosse, espirros, beijos ou fala, por exemplo. Além disso, quando a pessoa infectada utiliza o banheiro e não lava as mãos adequadamente, também pode espalhar a bactéria. Apertos de mão, abraços e partilha da maior parte dos objetos pessoais não trazem risco à saúde.

Meningite e Covid-19

O melhor tipo de prevenção contra a meningite é fazer a vacinação, que protege contra os principais micro-organismos que podem provocar a doença. A imunização contra a meningite se torna ainda mais importante por causa do novo coronavírus, já que sintomas da doença, como dores intensas de cabeça e alterações musculoesqueléticas e de consciência, estão presentes também em pacientes com a Covid-19.

Nas duas situações, a transmissão se dá através das vias respiratórias, por meio de gotículas e secreções do nariz e da garganta. Os sintomas da meningite, como mal-estar, náuseas e vômitos, podem ainda ser confundidos com indícios de outras doenças mais leves, como gripe, otite, bronquite e infecções de garganta. Entretanto, a enfermidade pode evoluir rapidamente, causando sequelas graves e permanentes ou levando à morte.

A infectologista do Sistema Hapvida, Maria Alice Teixeira, explica como ocorre o desenvolvimento da doença no organismo.

“A meningite é a inflamação da membrana que envolve o cérebro, a leptomeninge, e pode ser ocasionada por diversos agentes infecciosos. A inflamação da membrana leva a um aumento na pressão dentro do cérebro, em face dele estar envolto na calota craniana, um invólucro rígido que não permite a expansão do seu conteúdo, sendo este aumento da pressão intracraniana o principal responsável pelos sintomas da meningite. Os principais sintomas que nos alertam para a possibilidade da meningite constituem-se na tríade clássica caracterizada por febre, dor de cabeça (cefaleia) e vômitos, em geral, não precedidos de náuseas. Associam-se a esses sintomas sinais relacionados a irritação dessa membrana que inflamada gera a rigidez na nuca, com dificuldade e dor ao fletir o pescoço”.

A infectologista ainda faz o alerta para os sintomas iniciais, e quando se deve procurar ajuda médica.

“Sempre que esses sintomas estiverem presentes, principalmente, quando de instalação aguda, deve-se buscar atenção médica para que sejam realizados exames físicos e complementares a fim de se buscar a etiologia dos sintomas e afastar a possibilidade de meningite. Como se trata de uma doença infecciosa transmissível através do contato próximo com indivíduos infectados, que podem estar, inclusive, como portadores assintomáticos, a principal forma de prevenção é evitar aglomerações em ambientes fechados, além da vacinação disponível para os principais agentes relacionados com esta infecção, quais sejam o Meningococo, Pneumococo, Hamophilus influenzae e Tuberculose. A vacina nesses casos, diminui a incidência da doença, tendo reduzido, significativamente, a ocorrência de meningite na população pediátrica”, destaca.