Fundação de Medicina Tropical completa 45 anos como referência em assistência, ensino e pesquisa

FUNDAÇÃO MEDICINA TROPICAL

A Fundação de Medicina Tropical “Doutor Heitor Vieira Dourado” (FMT-HVD), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), comemorou nesta segunda-feira (1º/4), no prédio da unidade, 45 anos de serviços prestados de assistência médica, ensino e pesquisa ao Estado do Amazonas, completados oficialmente no último domingo (31/3).

Na ocasião, o diretor da fundação, o infectologista Marcus Guerra, ressaltou o trabalho desenvolvido pela FMT-HVD, que atualmente é referência em assistência médica, pesquisa e formação de recursos humanos em doenças tropicais. A instituição foi fundada por um grupo de médicos no dia 31 de março de 1974, ainda como Hospital de Moléstias Tropicais.

“Sem dúvida, a grande contribuição da FMT-HVD nesses 45 anos tem sido no combate às endemias, na formação de recursos humanos e na produção de conhecimento, que tem dado respostas a diversas adversidades enfrentadas pelo Amazonas e demais estados da região”, afirma o diretor da fundação.

Marcus Guerra fez parte do grupo fundador da instituição, sob a liderança dos professores da então Faculdade de Medicina do Amazonas, Heitor Dourado e Carlos Borborema. “Comecei na fundação com 25 anos e hoje já estou com 70 anos”, conta o médico.

A secretária executiva adjunta (SEA Capital) da Susam, Dayana Mejia, destacou o trabalho da fundação ao longo de 45 anos. “Não podemos deixar de reconhecer a história de todas as sementes plantadas até aqui. Que sejam mais 45 anos de muita pesquisa, de muita assistência, de muito desenvolvimento e controle social”, declarou.

Também estiveram presentes na solenidade a diretora-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Márcia Perales, e o vice-reitor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Cleto Leal.

Foram entregues, ainda, certificados aos servidores da FMT-HVD como reconhecimento dos serviços prestados na contribuição, desenvolvimento e crescimento da instituição.

Pós-graduação – Na área de ensino, a FMT-HVD iniciou ofertando aulas de graduação, ainda na década de 1970, partindo para residência médica no início da década de 1980, e mestrado e doutorado no início dos anos 2000. Segundo Marcus Guerra, o próximo passo será o pós-doutorado.

“Estamos planejando um pós-doutorado, uma vez que há muito interesse de pesquisadores de fora do Amazonas e até de fora do país em fazer pós-doutorado aqui na fundação”, afirmou o diretor da instituição.

Para Marcus Guerra, atualmente, ter no currículo uma formação da FMT na área de doenças tropicais é garantia de uma boa colocação profissional.

“Todos os nossos pós-graduandos estão sendo absorvidos por outras instituições, estão bem colocados e produzindo. A FMT-HVD tem garantido acesso ao mercado e a instituições de peso, tanto aqui no Amazonas quanto fora”, comenta.

Diagnóstico – Outra meta da FMT-HVD para 2019 é melhorar o serviço de diagnósticos em áreas como malária, tuberculose e HIV. “Estamos em tratativas, prestes a inaugurar a nova área de laboratório. A estrutura está pronta, faltando apenas mobiliar e equipar”, disse o diretor da FMT-HVD.

Na área da pesquisa, um dos feitos mais recentes da FMT-HVD, em 2018, foi conseguir provar a contaminação do açaí pelo parasita causador da doença de Chagas.

Após várias pessoas apresentarem a doença em um município do interior, com uso de técnicas de microscopia, profissionais da fundação conseguiram pela primeira vez retirar o parasita de amostras de açaí congelado, chegando à causa do surto.

“Fomos o primeiro do Brasil a provar que o açaí é contaminado pelo parasita. Havia hipótese de que após a ingestão do açaí as pessoas adoeciam. Mas nunca ninguém tinha recuperado o parasita de uma amostra”, afirmou Marcus Guerra.

Treinamento – Para o diretor, outro trabalho importante nesses 45 anos da fundação foi o treinamento de microscopista de malária, o que permitiu a descentralização do diagnóstico no Estado.

“E ainda hoje fazemos o controle da qualidade das lâminas desses profissionais (microscopista). Esse trabalho ajudou muito a diminuir o número de casos de malária”, avalia Marcus Guerra.

A capacidade instalada na FMT-HVD para atendimento aos pacientes acometidos de Doenças Infecciosas e Parasitárias é de 123 leitos.

Assistência – No atendimento de média e alta complexidade, a FMT-HVD é referência para o Sistema Único de Saúde (SUS) em Doenças Infectoparasitárias e Tropicais, acidentes ofídicos e Dermatologia Tropical.

Na área de assistência ambulatorial, de janeiro a dezembro de 2018, a FMT-HVD realizou 1,2 milhão de procedimentos de diagnóstico, 1,8 mil cirurgias e 231,3 mil procedimentos clínicos.

FOTOS: Claudio Heitor/Secom