Em dois meses, Wilson ainda patina no trato com outros poderes

Wilson Lima Poderes

O governador Wilson Lima (PSC) completa nesta sexta-feira, dia 1o de março, dois meses de gestão, com um problema identificado logo após sua eleição no ano passado: sua interlocução com os outros poderes que compõem o Estado.

Há sinais públicos e ainda contidos.

Com o Legislativo, nesta semana, a autorização que recebeu do parlamento para usar verba do FTI (fundo do turismo e infraestrutura do interior) para cobrir parte do rombo de R$ 2,2 bilhões da saúde pode ter parecido fácil pelo resultado da aprovação, 19 a 1, mas não foi assim.

O resultado exigiu 24 horas de esforço do Executivo, que, sem interlocutor, precisou expor o próprio governador em almoços, ceias, cafés e reuniões para convencer prefeitos e deputados da necessidade de aprovação da matéria.

 

Com o Legislativo

Nos bastidores da Assembleia Legislativa (ALE-AM), deputados se queixam do trato da relação com o governo, de intermediários, considerados por eles como “cercas de jurubebas” (criadores de empecilhos).

Dias antes da votação do FTI, o recado mais claro dos deputados para o governo saiu em uma rara nota do Legislativo para o Executivo, no dia 23, que pedia respeito à independência e harmonia dos poderes.

O mais intrigante da nota do parlamento é que foi em solidariedade ao único deputado de oposição da Casa, Wilker Barreto (PHS), sobre sua ida ao hospital e pronto-socorro 28 de Agosto, onde foi barrado.

 

Com o Judiciário

Com o Judiciário, a relação de Wilson é mais delicada.

Magistrados se queixam, à boca miúda, do novo tratamento recebido pelo novo governador, que estabeleceu o limite institucional de convivência com o Judiciário.

Mas, é nesse poder que está exposto perigosamente o calcanhar de Aquiles de Wilson Lima. Serão eles, os magistrados, que decidirão se o governo atual poderá seguir ou ser interrompido, assim como aconteceu com o ex-governador José Melo (Pros).

Há margem para isso.

Wilson enfrenta um processo de cassação na Justiça eleitoral e a análise do caso depende do ânimo do contexto do momento em que os autos da investigação de episódio das eleições de 2018 forem colocados à mesa de julgamento.

O que não deve demorar.

 

 

Fonte: Portal BNC Amazonas | Reportagem de Neuton Corrêa

Foto: Raphael Alves/TJ-AM