CNC tenta explicar escandaloso mimo que comprou para José Tadros

Tadros

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) publicou nota de esclarecimento, neste domingo, tentando explicar a compra de dois apartamentos, no valor de R$ 24,5 milhões, no endereço mais caro do Brasil, em Copacabana, no Rio de Janeiro, para o presidente da entidade, o amazonense José Roberto Tadros, e seu diretor Financeiro, Leandro Pinto.

A nota tenta desvincular o negócio com o uso de dinheiro público, com recursos do Sistema S, que o governo Bolsonaro ameaçar acabar, e começa dizendo que a aquisição dois imóveis foi realizada com investimentos próprios da CNC.

Em outro trecho, a Confederação Nacional do Comércio assume que a compra dos dois apartamentos lhe servirá para especulação imobiliária, ao dizer:

“Os dois imóveis localizam-se em área de grande liquidez e potencial de valorização dado ao atual cenário do mercado imobiliário do Rio de Janeiro, e serão incorporados ao patrimônio da confederação como mais um reforço e garantia de sua sustentabilidade financeira”.

O Globo publicou hoje a informação sobre o escândalo, com o título “Morar Bem”:

“Mesmo com a ameaça de uma facada sobre os seus recursos pairando no ar, o Sistema S continua gastando. A Confederação Nacional do Comércio (CNC), cuja sede é dividida entre Rio de Janeiro e Brasília, acaba de comprar dois apartamentos na orla carioca. Para quê? Para abrigar o seu presidente, José Roberto Tadros, e o seu diretor financeiro, Leandro Pinto, quando estiverem na cidade.

Não são imóveis quaisquer. Mas dois apartamentos situados diante do mar azul de Ipanema, no metro quadrado residencial mais caro do Brasil, a Avenida Vieira Souto. Um, de 270 m², foi comprado por R$ 14 milhões. O outro, com área de 350 m², saiu por R$ 10,5 milhões.

Ambos foram comprados entre o fim de dezembro e o início de janeiro. A esse valor serão acrescidos ainda mais alguns gastos para reformá-los e decorá-los. A propósito, a CNC já possui dois outros apartamentos em Brasília para os mesmos fins”.

Bem sucedido empresário

A CNC diz ainda que, diferentemente do conteúdo publicado na mídia por todo o país sobre o assunto, neste fim de semana, Tadros não tem absolutamente dependência da entidade para morar, porque possui imóveis próprios em Ipanema, na Barra da Tijuca e no bairro da Glória e, porque, também, é um empresário de trajetória bem sucedida.

Mas, no Amazonas, o negócio mais bem sucedido de José Roberto Tadros, que dirigiu a Federação do Comércio do Amazonas (Fecomécio-AM) por mais de 30 anos, foi o aluguel de um prédio de sua propriedade para o Serviço Social do Comércio (Sesc-AM), também dirigido por ele, no valor de R$ 18 mil.

Além do pagamento do aluguel, o contrato previa ainda que o Sesc iria reformar o prédio locado por José Tadros para a instituição sem direito a pedir indenização pelos gastos e sequer questionar os termos propostos por ele mesmo.

A reforma custou ao dinheiro público cerca de R$ 1 milhão.

O prédio fica rua Epaminondas com a Henrique Antony, no Centro Histórico de Manaus.

O caso está sendo investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e foi um dos obstáculos que José Roberto Tadros teve no ano passado para se eleger presidente da CNC, que possui um orçamento anual, composto com verba pública, de mais de R$ 11 bilhões.

A representação, na inicial do processo TC 020.0802/2016, diz que o negócio feriu princípios fundamentais do serviço público: a impessoalidade e a moralidade.

Leia a nota da CNC:

 

Foto: Facebook/Fecomércio Amazonas

Fonte: Portal BNC Amazonas