Mais de 40 mil pessoas lotaram as bandas da Bica e Difusora, no Centro de Manaus, durante a tarde e noite deste sábado, 23/2, que antecede o fim de semana Gordo de Carnaval. Mesmo sob chuva, o público animado entrou a noite no ritmo de marchinhas, frevo, samba-enredo, swingueira, axé e até funk que embalaram as duas festas apoiadas pela prefeitura, por meio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult).
“São duas das mais tradicionais bandas de Carnaval de Manaus e que representam a riqueza que é essa manifestação popular, que contam parte da história da nossa cidade e compõem a nossa identidade cultural. A Prefeitura de Manaus reconhece a importância dessa expressão cultural tanto que tornou o fomento ao Carnaval política pública com a destinação de 10% do orçamento da Manauscult todos anos, por meio do Siscult”, afirmou o diretor-presidente da Manauscult, Bernardo Monteiro de Paula.
Em sua 33ª edição, a banda da Bica tem público fiel e que não abandonou a rua 10 de Julho, palco da festa, nem mesmo sob a chuva que caiu durante a tarde. “A recepção do público é sempre maravilhosa e, mesmo com a chuva, tem muita gente prestigiando esta banda que é o aquecimento para o fim de semana de Carnaval de Manaus. É um clima de animação e diversão, estamos contentes com o resultado”, afirmou a organizadora da banda, Ana Cláudia Soeiro.
Frequentadora há três anos da Banda da Bica, a professora de educação física Melissa Maciel, que esteve com a família na festa, não abriu mão do embalo da folia até o início da noite. “Gosto do Carnaval com músicas mais antigas. A Banda da Bica é uma das poucas bandas que mantém as tradicionais marchinhas. Eu também gosto de outros ritmos, mas sou fã mesmo das marchinhas e essa é a única banda que costumo vir, por causa da diversão que ela nos proporciona”, disse.
Além das marchinhas, a ousadia e irreverência presente nas fantasias é outra marca da Banda. Usando a hashtag “Errada” e com adereços que remetiam à personagem-título da música “O nome dela é Jenifer”, hit do Carnaval, a autônoma Fabíola Leite explicou que a ideia partiu de um amigo do grupo. “Ele nos deu a ideia por conta dos comentários que recebíamos nas nossas fotos publicadas no Facebook. Nossos amigos sempre comentavam ‘As erradas’ ou ‘Sempre erradas’ e, com isso, acabamos aderindo à ideia. O mais legal do carnaval é a nossa diversão em segurança, por isso viemos para a Banda da Bica, que é um ambiente que nos transmite segurança. Todos os anos reunimos os amigos e prestigiamos aqui, também por ser uma das bandas mais tradicionais da cidade”, ressaltou.
Banda da Difusora
A avenida Eduardo Ribeiro reuniu milhares de foliões na Banda da Difusora que este ano completou 24 anos de tradição. A chuva não atrapalhou a festa nem para fantasiado, como a jornalista Thais Ribeiro, que escolheu a banda da Difusora para pular o Carnaval na companhia das irmãs Juliana Moraes e Geovane Ribeiro, todas fantasiadas de unicórnio. “Já virou nossa tradição vir à Banda da Difusora. A festa aqui começa cedo, tem segurança, os bares ficam próximos, tem banheiro perto também. É muito bom e tranquilo. Esse ano viemos fantasiadas e não tem chuva que tire a gente daqui! Se tá na chuva, é pra se molhar”, afirmou Thaís.
Os amigos Alisson Silva e Jamilton Costa aproveitaram o fim do expediente de trabalho para continuar no Centro e aproveitar a festa que coloriu a avenida Eduardo Ribeiro. “Ficamos sabendo que a banda seria hoje e aproveitamos a saída do trabalho para continuar aqui no Centro mais um pouco, curtindo essa festa. O mais legal é ver o pessoal brincando com chuva mesmo, não tem tempo ruim no carnaval”, ressaltou Jamilton.
Herdeiro de uma das maiores bandas de Carnaval de Manaus, o radialista André Anzoategui é responsável pela organização da banda, fundada por sua mãe, Fezinha Anzoategui, uma das grandes incentivadoras da cultural regional. “É sempre uma emoção maravilhosa e nova, posso dizer, por que essa banda foi fundada há 24 anos pela minha mãe e poder dar seguimento me deixa muito feliz. É uma forma de homenageá-la. Nos sentimos muito realizados quando percebemos que a cada ano que passa, conseguimos reunir mais e mais pessoas aqui”, afirmou André.
Ações de conscientização
A Campanha Municipal de Combate ao Abuso, à Exploração Sexual e Trabalho Infantojuvenil, além da sensibilização contra o abuso e o assédio de mulheres no Carnaval, também esteve presente nas tradicionais bandas da Bica e Difusora, coordenada pela Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) e Fundo Manaus Solidária.
“Nossa campanha foi lançada pelo prefeito Arthur Virgílio Neto e pela presidente do Fundo Manaus Solidária, a primeira-dama Elisabeth Valeiko, no último dia 15 deste mês. Semana passada levamos a mensagem de proteção e garantia de direitos na banda LGBT folia. Neste final de semana, vamos sensibilizar milhares de foliões a conhecer nossa rede de proteção”, destacou a secretária da Semasc, Conceição Sampaio.
Aproximadamente 90 servidores dos órgãos municipal e estadual das secretarias de Estado de Assistência Social (Seas), de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Cultura (SEC), Conselho Tutelar, Juizado da Infância e da Juventude estiveram envolvidos na campanha.
Todos os presentes receberam orientação baseada na portaria 001/2019 do Juizado da Infância e da Juventude Cível: “é proibida a entrada e permanência de crianças de até 12 anos em bandas e blocos carnavalescos”.Outra orientação é quanto à proibição da venda de bebidas alcoólicas e cigarros para crianças e adolescentes, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e, principalmente, a exploração sexual e trabalho infantil.
Para que o público feminino possa tomar conhecimento dos seus direitos, a Subsecretaria de Políticas Afirmativas para as Mulheres, vinculada à Semasc, também esteve presente nas bandas, sensibilizando os foliões sobre o abuso e o assédio de mulheres, além de serem divulgados os serviços do órgão com a distribuição de material informativo, contendo a rede de proteção à mulher.
Neste domingo, 24/2, a ação chega aos foliões que estiverem nas Bandas do Boulevard e Theo, ambas no Centro.
Texto: Jéssica Rebello e Thaís Waughan / Manauscult e Alexsandro Machado / Semasc
